quinta-feira, 5 de maio de 2011

Os Sovietes

Entre o coro de insultos e falsidades dirigidos contra os Sovietes Russos pola imprensa capitalista, pode-se escuitar uma voz estridente de um grito de pánico:
"Não há governo na Rússia! Não há organização entre os trabalhadores da Rússia! Aquilo não vai correr bem! Aquilo não irá bem!".
É o recurso à calúnia.
Como todo verdadeiro socialista sabe, e como quem já o vimos na Revolução Russa podemos testemunhar, há hoje em Moscovo e um pouco por todas as cidades e terras da Rússia uma estrutura política altamente complexa, sustentada pola grande maioria do povo e que funciona melhor do que qualquer outro governo recém nascido tem funcionado. Os trabalhadores da Rússia construiram, partindo das suas necessidades vitais, uma organização económica que está a evoluir para uma verdadeira democracia industrial.
O Estado Soviético é baseado nos Sovietes — ou Conselhos — de trabalhadores e nos Sovietes de camponeses. Estes Conselhos — instituições características da Revolução Russa — originaram-se em 1905, quando durante a primeira greve geral dos trabalhadores, as fábricas de Petrogrado e as organizações obreiras enviaram delegados ao Comitê Central. Este Comitê de Greve foi chamado Conselho de Deputados Obreiros. Convocou a segunda greve geral no Outono de 1905, mandou organizações a toda a Rússia e, por um breve lapso de tempo, foi reconhecido polo Governo Imperial como o interlocutor autorizado da classe trabalhadora revolucionária russa.
Com a derrota da Revolução de 1905, os membros do Conselho fugiram ou foram deportados para a Sibéria. Mas este tipo de união foi tão surpreendentemente efectiva como órgão político que todos os partidos revolucionários incluiram um Conselho de Deputados Operários nos seus planos para um futuro levantamento.
Em Março de 1917, quando perante uma Rússia que bramava como um oceano o czar abdicou, o Grande Duque Miguel rejeitou o trono e a relutante Duma (o pseudoparlamento czarista) foi forçada a tomar as rédeas do Governo, o Conselho de Deputados Operários renasceu mais uma vez. Em poucos dias foi alargado para incluir delegados do Exército, passando a se denominar Conselho de Deputados de Obrerios e Soldados. A não ser Kerensky, a Duma era composta por burgueses e não tinha qualquer ligação com as massas revolucionárias. A luita tinha de continuar, devia ser restabelecida a ordem, a frente devia se manter… Os membros do Comitê da Duma não estavam em condições de levarem a cabo tais tarefas; viram-se obrigados a chamar os representantes dos trabalhadores e soldados, por outras palavras, o Conselho. O Conselho fez-se cargo do trabalho da revolução, da coordenação das actividades do povo, da preservação da ordem. Além disso, assumiu a tarefa de assegurar a revolução contra a traição da burguesia.
Desde o momento em que a Duma se viu forçada a apela ao Conselho, na Rússia existiram dous governos, e dous governos luitaram polo poder até Novembro de 1917, quando os Sovietes, sob controlo bolchevique, derrubaram a coligação de governo.
Havia, como disse, Sovietes de deputados, tanto operários quanto soldados. Algo mais tarde, surgiram os Sovietes de Deputados Camponeses. Na maioria das cidades, os Sovietes Operários e Soldados reuniam-se conjuntamente; também convocavam os seus Congressos Pan-russos juntos. Os Sovietes de Camponeses, no entanto, eram dominados por elementos reaccionários e não aderiram aos operários e soldados até a revolução de Novembro e o estabelecimento do Governo Soviético.

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